Crítica | Sonic: o Filme
SONIC FINALMENTE GANHA SUA VERSÃO HOLLYWOODIANA E O RESULTADO NÃO DESAPONTA MAS TAMBÉM NÃO SURPREENDE.
Após polêmicas escolhas acerca do visual de Sonic e a intensa repercussão que o primeiro trailer oficial do filme angariou na internet, os produtores resolveram que, para agradar os fãs, era necessário um investimento de mais US$ 5 milhões em efeitos visuais e um atraso de três meses na estreia para deixar o personagem principal mais semelhante aos jogos. Esse investimento certamente faz um bem ao filme que, com a nova versão inspirada nos velhos gráficos do ouriço, traz um protagonista com muito mais apelo tanto ao público infantil quanto ao público saudosista que irá às salas de cinema conferir o longa.
Entretanto, no decorrer da projeção, a impressão que fica é que, apesar da escolha ousada (o que não necessariamente a caracteriza como uma boa escolha) que os realizadores do filme fizeram com o antigo visual do filme, desde o primeiro momento, o roteiro foi pensado, debatido e escrito para ser o mais seguro, pé no chão e comedido possível.
O filme, já de início, opta por nos jogar em San Francisco durante uma batalha entre Dr. Robotnik (Jim Carrey) e Sonic (dublado por Ben Schwartz, o Jean-Ralphio de “Parks and Recreation”) pausando-a no meio e introduzindo uma narração em off do protagonista, que se pergunta “como foi parar ali?” e retoma a sua história, nos apresentando a uma versão mais jovem do personagem, ainda vivendo em sua ilha em outro mundo, nos guiando através de seus primeiros passos para entendermos como ele veio parar na Terra. Todos os elementos clássicos do personagem já apareceram na tela, resta apenas que os elementos da história se condensem e que exista uma ligação entre esse início e a grande batalha a qual fomos apresentados.
Já no planeta Terra e crescido, Sonic faz uma breve introdução aos personagens que o cercam na pequena cidade onde vive, mostrando como, apesar de conhecer todos que estão ao seu redor, o Demônio Azul (como é chamado por um dos personagens) é solitário e sente falta de amigos e figuras com quem conversar e interagir. O mais importante para trama, é Tom Wachowski (James Marsden, o Ciclope da trilogia antiga dos X-Men), o xerife da cidade.
Numa de suas solitárias perambulações pela cidade, após assistir a um jogo de beisebol, Sonic num ato impulsivo acaba por disparar uma enorme quantidade de energia, causando um blecaute em toda a região onde ele se esconde. Isso, obviamente, chega ao governo americano que, na tentativa de descobrir o que poderia ter causado aquele efeito de proporções estranhas, aciona seu maior cientista, o Dr. Ivo Robotnik.
O Dr. Robotnik é um dos destaques do filme, não muito pelo papel de vilão megalomaníaco que desempenha ao longo da trama, mas sim por dar liberdade para que Jim Carrey se solte e possa entregar através do personagem uma performance que remete muito a suas comédias mais populares sem destoar do cenário que o rodeia.
Uma das coisas que talvez incomode é que, apesar das mudanças nos efeitos já comentadas acima, quase tudo que é feito em tela verde não parece ser de fato real no universo onde o filme se passa. Desde o personagem principal até os equipamentos ultra-tecnológicos usados por Robotnik. Isso, em alguns momentos causa, uma “desimersão” no telespectador, que até nos momentos de mais ação e intensidade no que é mostrado na tela se sente muito distante de tudo o que acontece.