Crítica | MIB: Homens de Preto Internacional

Vivemos em uma era onde tirar leite de pedra é a lei máxima de Hollywood. Isso é, ao mesmo tempo, benéfico para os cinéfilos que sonham em ver algumas de suas franquias favoritas do passado de volta à vida, e maléfico para estes mesmos cinéfilos que temem a cada novo remake, reboot, sequência, prequência ou spin-off anunciado. “MIB: Internacional” é, justamente, da laia do último mencionado, funcionando como um novo episódio não exatamente relacionado com as aventuras de Will Smith e Tommy Lee Jones.

Apesar de não possuir nenhum exemplar seminal da comédia na trilogia original, é inegável o impacto daqueles filmes na cultura pop ao longo das últimas duas décadas. Smith sempre teve talento para a comédia e suas interações embaraçosas com Tommy Lee Jones foram eficazes durante todos os três capítulos da saga. Mas algo sempre ficou claro sobre aqueles filmes: “MIB” é mais sobre seu mundo - extremamente criativo e digno de ser explorado - do que sobre sua história.

Aqui, infelizmente, não é muito diferente. Não há nada neste spin-off, que recebeu o subtítulo “Internacional” apenas por ser situado na Inglaterra, que nos faça pensar que essas novas aventuras serão melhores do que as primeiras. Sim, a variedade de criaturas alienígenas é estonteante, as interações com o submundo dos Homens de Preto continua inventiva e os efeitos são, obviamente (ou não), os melhores da saga até então. Porém, é só isso, não há maior elaboração, não há nada de realmente “novo” a ser explorado, apenas versões “diferentes” do que já vimos antes.

É possível que tenha faltado um pouco de autonomia à F. Gary Gray que, apesar de ter uma filmografia inconsistente, sempre imprimiu muita energia e àcidez à todos os seus filmes, atingindo o ápice no fenomenal “Straight Outta Compton” de 2015 que, apesar de ser um filme biográfico, possui elementos que beneficiariam “MIB: Internacional”. A falta de dinamismo na direção sofre por conta do (mas também prejudica) roteiro dos um dia promissores Art Marcum e Matt Holloway (“Homem de Ferro”). Apresentando uma história de origem cliché e preguiçosamente apressada e não conseguindo, em momento algum, imprimir tensão ao suspense central da história, o que mais falta aqui é a habilidade em fazer com que o espectador se engaje na história.

Esta, que é charmosamente salva pela dupla Chris Hemsworth e Tessa Thompson, de longe o elemento mais aproveitável do longa. Os dois tem uma química natural que consegue, pelo menos em alguns momentos, dar brilho às sacadas do roteiro, se saindo bem tanto nas cenas de ação - bem dirigidas, especialmente uma envolvendo uma mulher de três braços e uma versão +16 do Fera, dos X-Men - como nos momentos mais cômicos. Ele é dono de um carisma irresistível. Ela é dona de uma personalidade forte que resiste ao carisma dele. Juntos, é impossível que você os rejeite e o roteiro merece pontos por não forçar - pelo menos até agora - (ALERTA DE SPOILER) um relacionamento cliché entre ambos.

Ah, Liam Neeson e Emma Thompson, quando em cena, estão sensacionais, abraçando a premissa propositalmente boba, Rafe Spall está dedicado em dar camadas de dualidade à seu personagem, podendo ser reutilizado futuramente, enquanto Kumail Nanjiani está excelente como um pequeno peão alienígena. Os gêmeos Les Twins - famosos dançarinos de Hip-Hop que inclusive vieram ao Brasil com Beyoncé para o Rock In Rio -, no entanto, são o ponto fraco do filme, sendo sub-utilizados como dois vilões sem propósito ou personalidade e forçados a dançar em uma cena obrigatória visto quem são.

“MIB: Homens de Preto Internacional” é um filme inofensivo, que não tem muito mais a oferecer do que o carisma de seu elenco, o que é uma pena devido ao potencial deste mundo que, quatro filmes adentro, ainda não chegou aonde poderia. É divertido e não vai te “decepcionar”, desde que você não vá esperando nada demais.

5.5

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