Old But Gold | Royals - Lorde
Um sábio uma vez disse, "quando você escreve músicas que sabe que vão funcionar... Elas vem em cinco minutos; se eu trabalhar nelas por mais de, digamos, 20 minutos, provavelmente ela não vai funcionar". Ella Marija Lani Yelich-O'Connor aka Lorde, estava ouvindo este sábio rimar sobre carros e dinheiro quando decidiu escrever uma música contra o consumismo exacerbado na música pop. Ela levou menos de meia hora.
"Royals" é uma das faixas que mostra o quão contraditório realmente somos. Provavelmente, desde 2013, ela entra e sai de suas playlists, em meio aos mais diversos raps de ostentação, músicas pop chiclete feitas para vender artistas novos e aquela pitada de música indie que você (e eu) ouve pra dizer que é eclético. Provavelmente é uma música que todos na sua roda de amigos cantam em qualquer ambiente, desde a solidão de seus quartos à mais luxuosa festa que você já tenha comparecido. Talvez, justamente por poder ser tocada em qualquer lugar sem que sua mensagem gere qualquer tipo de resistência ou discussão, "Royals" tenha realmente sucedido.
O primeiro som que ouvimos é a voz de Lorde, como uma faca que corta no fundo de sua alma com talvez a frase que melhor exemplifique os dois mundos que ela contrasta aqui. "I've never seen the diamond in the flesh". Vinda da Nova Zelândia, crescida em uma cidade "rasgada" e "sem código postal", o único contato que ela tinha com a vida de luxo estava nos filmes e nas músicas. Estas, que ela referencia no pré-refrão, onde sua voz propositalmente se deixa levar pela maravilha da vida que ela critica. "But every song's like gold teeth, Grey Goose, strippin' in the bathroom, bloodstains, ball gowns, trashin' the hotel room".
A produção, do também Neo Zelandês, Joel Little, traz elementos do hip-hop e de música eletrônica para uma faixa essencialmente pop, que preza pelo minimalismo para fazer com que sua mensagem seja mais sentida. Lembra a alternatividade de Grimes e um tanto das produções climáticas de James Blake. Não é nada perto de ser revolucionário e era esse o objetivo. "Royals" não utiliza elementos diferentes dos contemporâneos que Lorde critica em suas letras, apenas os arranja de forma diferente.