Crítica | Pulse
“Pulse” é uma jornada única que contempla tecnologia e escatologia, abrindo as portas para o novo milênio.
Com sua atmosfera incrivelmente absorvente, “Pulse” é um filme que previu o quanto a internet e a tecnologia podem impactar na natureza humana. Há, no filme, diversas camadas a serem desdobradas, remontando, inclusive, à maior tragédia nipônica. Os temas principais do filme exploram, principalmente, solidão, a desconexão da raça humana com a realidade e a existência ou não de salvação na vida após a morte.
O mise-en-scène é construído meticulosamente por Kurosawa, evocando isolamento, claustrofobia, vazio existencial, mas, também, um mundo vasto, e conectado a um mesmo destino inescapável. Esses sentimentos são também produto de uma trilha sonora, bem como de uma engenharia de som extremamente eficazes, que utilizam, com sucesso, sons do cotidiano como estática e uma ampla gama de efeitos sonoros digitais.
Quanto ao terror apresentado, este é desolador, mas muito vívido, em uma rica e inovadora mistura de aspectos psicológicos, sobrenaturais, cósmicos e tecnológicos. Ademais, a maneira na qual o filme desenrola, lentamente, debaixo do nariz do espectador, um cenário apocalíptico, é sutil e singular.
Na época em que esse filme foi lançado, alguns o intitularam, corretamente, como um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Hoje em dia, a obra é ainda mais importante e assustadora, demonstrando o talento de Kiyoshi Kurosawa, um dos grandes cineastas modernos do importantíssimo cinema japonês.