Crítica | O Filme da Minha Vida

O Cinema Brasileiro é ótimo e cada vez se prova mais disso. Por falta de divulgação aliada aquela velha história que ''o que é de fora do Brasil é melhor'' acaba sendo tirada visibilidade de filmes excelentes nossos. Quer 3 exemplos? ''Aquarius'', ''Que Horas Ela Volta'', e ''Hoje Eu Quero Voltar Sozinho''. Três dos grandes filmes brasileiros na última década, quantos deles você conseguiu assistir no cinema?

O Filme da Minha Vida, provavelmente será mais um exemplo de um filme nacional que não vai ter a visibilidade que deveria, mas isso não nos impede de falar nele.

O terceiro filme dirigido por Selton Mello, que comanda e atua aqui, é o perfeito exemplo de algo que diz muito sem muitas palavras, e segue muito de seus dois primeiros filmes (''Feliz Natal'' e ''O Palhaço'') na questão técnica. A transição entre a comédia e o drama, e a questão do cinema dentro do cinema são duas coisas que marcam o terceiro filme em questão. É transparente, honesto e meticuloso, além do fato de que visivelmente foi feito com o cuidado que todo diretor e ator deveriam ter com seus filmes, e isso fica claro aqui.

Nos é mostrada a história de Tony, jovem que decide viajar para estudar e ao retornar para Remanso, Interior Gaúcho, sua cidade natal, descobre que seu pai havia deixado sua mãe e voltado para França, onde nasceu. O zelo da narrativa para com a história que conta é uma das diversas belezas do filme. Ele não tem pressa nenhuma em revela-lá, fazendo-o de forma alegórica e detalhista, onde tudo tem um significado e se conecta.

É fácil se relacionar e se preocupar com o personagem principal, porque diante dos nossos olhos está um filme sobre amadurecimento, sobre um primeiro amor, sobre perda, sobre a primeira transa, todas essas coisas que todo ser humano passou ou vai passar, e trata tudo isso de uma forma quase poética. 

A fotografia de o ''Filme da Minha Vida'' é majestosa. Esteticamente falando, há momentos em que, de tão bonitos que alguns quadros são, você se perde do filme por pura inocência de contemplar tais imagens. Além disso, o filme expressa a todo momento um sentimento melancólico e que muitas vezes evoca um constante sentimento de incertezas a serem descobertas. O toque refinado de Walter Carvalho agrega muito valor, visual e narrativamente falando.

A Música é outra coisa excepcional. A soundtrack aqui é provavelmente uma das melhores que eu ouvi no ano, ''De I'll Put a spell on you'', até ''The House of the Rising Sun'', temos músicas maravilhosas e que se encaixam em sua narrativa. O figurino do filme é também muito bem feito. É tecnicamente um filme perfeito.

Das atuações, é difícil destacar apenas uma. Vicent Cassel e Selton Mello estão ótimos. Bia Arantes é extremamente charmosa e sedutora. Johnny Massaro e Bruna Linzmeyer demonstram uma vulnerabilidade encantadora. A química entre os dois funciona de forma tão bela que transmite uma inofensividade confortante.

Ironicamente, o personagem de Vicent Cassel diz durante o longa que ''só assiste o início dos filmes, para entende-los, e o final, porque é o final, e ele gostava deles. Aqui temos um primeiro ato lindo, um segundo ato demorado, e embora faltem explicações, um terceiro ato muito bom.

O Filme da Minha Vida é reflexivo, vulnerável e delicado. É estonteante, muitas vezes, porém em meio de sua qualidade, se perde, e possui uma sub trama totalmente dispensável. Temos o gosto de que falta algo, e que as vezes o filme se preocupa demais com a sua beleza e esquece de nos contar o que queremos saber. 

 

8

 

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