Crítica | Manifest (1ª Temporada)

manifest poster.jpg

Com uma boa premissa, atuações medianas e personagens pouco cativantes, “Manifest” é vendido pela sua emissora (NBC) como um “descendente de Lost”. E talvez seja. Mas isso não é necessariamente bom.

Quando o voo 828 desaparece sem deixar rastros e retorna mais de 5 anos depois, sem que seus passageiros tenham morrido ou envelhecido um dia sequer, os irmãos protagonistas Ben (Josh Dallas) e Michaela Stone (Melissa Roxburgh) são obrigados a confrontar desafios incompreensíveis.

Os episódios iniciais da temporada nos mostram a adaptação dos passageiros a um mundo que seguiu em frente sem eles e o interesse do governo em entender e encobrir os acontecimentos que causaram o mistério. É interessante acompanhar a trajetória dos personagens e suas descobertas, pois o espectador sabe tanto quanto eles.

O maior diferencial de “Manifest” em relação as outras séries de mistério são as alucinações coletivas e/ou individuais que se manifestam de forma auditiva, visual e tactível nos passageiros, dando ordens e instruções a eles de forma enigmática. Assim, em cada episódio sempre há um “chamado” a ser entendido, solucionado e obedecido. Porém sem sempre o chamado semanal adiciona pontos relevantes para a trama principal.

Com foco constante na família Stone, os dramas amorosos são enfadonhos e se baseiam, principalmente, em saturar triângulos amorosos. A princípio, a relação Ben-Grace-Danny é interessante e complexa, enquanto o trio Michaela-Jared-Lourdes é clichê e previsível. Mas a falta de carisma dos personagens faz com que seja difícil se importar com subplots tão irrelevantes.

No entanto, a relação fraternal de Cal (Jack Messina) e Olive (Luna Blaise) é uma das que melhor funciona na série. É bonito ver como eles superam a separação causada pelo voo 828 e continuam íntimos e se considerando gêmeos, mesmo que ela tenha se tornado uma adolescente e ele não.

calolive.jpg

A segunda metade da temporada introduz novos arcos e, consequentemente, novas perguntas. A chegada de Zeke (Matt Long) amplia a mitologia da série e nos faz questionar ainda mais se os acontecimentos tem uma origem científica, médica, meteorológica ou kármica.

Também nos aprofundamos nas consequências que o voo 828 tem na sociedade. Temos o ponto de vista dos “crentes” que acham que os passageiros são milagrosos e milagreiros, transformando-os em santos em sua própria religião. Vemos também o ódio gratuito incitado pelos que temem que os viajantes sejam perigosos.

Os episódios finais deixam a desejar no quesito respostas, pois não há quase nenhuma, e no quesito técnico com um CGI vergonhoso. No season finale o foco volta para os triângulos amorosos da família Stone, responde perguntas que ninguém estava fazendo e nos deixa com um gancho levemente emocionante.

Parece haver mais esforço sendo feito pelo marketing da série do que pelo seu roteiro. “Manifest” tem bastante potencial de se tornar uma série boa, mas ainda precisa se encontrar dentro de sua própria narrativa.

6.5

Anterior
Anterior

Crítica | Todo Dia

Próximo
Próximo

Crítica | One Day At a Time (1ª Temporada)