Os 25 Melhores Álbuns de 2018


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Against All Logic

“2012-2017”

A.A.L é um apanhado de ideias produzidas de 2012 até 2017, compostas por Nicolas Jaar, sob o pseudônimo de Against All Logic, Jaar produziu músicas de forma quase anonimamente durante muitos anos, até juntá-las todas num disco de 11 faixas lançado de surpresa no início deste ano. Com um viés um pouco mais experimental e ousado que os projetos anteriores, A.A.L é um compilado interessante de recortes e arranjos muitíssimos interessantes pra quem se interessa pela música do estadunidense/chileno, Nicolas Jaar.


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Idles

“Joy as an Act of Resistance”

Pra quem jura de pé junto que as músicas com guitarras pesadas, ou o punk rock, está morto e enterrado; a resposta perfeita é o segundo álbum de estúdio da banda inglesa de Bristol, Idles. Joy as an Act of Resistance é cru, pesado, e como o próprio título já adianta, cheio de letras de resistência. A banda funde o som já característico do punk underground com a pitada de experimentalismo ideal que vem sendo exigência na evolução do gênero.


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Earl Sweatshirt

“Some Rap Songs”

Earl Sweatshirt é um tipo de ídolo que nunca vai ver a luz do dia no mainstream. Sua mãe não o conhece, sua prima de 12 anos também não, talvez muitos de seus colegas também não, mas você faz questão de defendê-lo com unhas e dentes quando a possibilidade aparece. Seu novo álbum é um retrato da depressão que vem lhe assolando durante tantos anos e uma inovação completa no conceito de Rap e Avant-Garde Jazz.


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Jon Hopkins

“Singularity”

Jon Hopkins definitivamente decidiu pelo caminho mais difícil, decidiu por transitar pela mais tênue das linhas, da música eletrônica analógica, pelo dance e house, e quase com residência fixa no ambientalismo de Brian Eno. Singularity é um apanhado de arranjos trabalhados com o esmero que só se vê na música eletrônica. Timbres certamente escolhidos a mão e com severa seletividade funcionam de forma completamente fluida durante mais de uma hora de música.


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Us Girls

“In A Poem Unlimited”

Tudo bem, muitos álbuns das listas de fim de ano não caem nos gostos do público, mas não é o caso do novo projeto de Meghan Remy, bem, é o caso, mas não precisava ser. É um estilo diferente de pop, mas que, com um pouco de esforço, entraria bem nos ouvidos de qualquer pessoa.


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Vince Staples

“FM!”

Vince Staples é um dos rappers mais audaciosos de todos os tempos. Ele não tem medo de ir de frente com ninguém, desde seus fãs à outros rappers. Em “FM!”, ele não entrega o álbum que todos esperavam, mas sim um projeto altamente conceitual que corta como uma faca curta, mas extremamente afiada. Sua habilidade em transmitir as duras histórias que viveu é capaz de te fazer sentir na pele todos seus maiores medos e receios, mesmo que eles venham fantasiados de hits para mandarem no seu verão.


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Courtney Barnett

“Tell Me How You Really Feel”

Mesmo com muitas virtudes, o aclamado debut de Courtney Barnett tem seus defeitos. Em seu segundo disco, a autraliana demonstra uma excelente habilidade em “trabalhar suas fraquezas”. Isso porque as virtudes se mantiveram: os vocais com forte personalidade, os arranjos pujantes e as guitarras rasgadas. Já seus pontos fracos, aqui melhoram. As letras estão mais interessantes, a produção, mais assertiva e o conceito do álbum, mais coeso.


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Young Fathers

“Cocoa Sugar”

Faz anos que o Young Fathers confunde quem gosta de encaixotar música em gêneros. Seu último trabalho não foge disso. Em “Cocoa Sugar”, o conceito mora no som. Os timbres, as texturas e o andamento do disco fazem da audição dele uma experiência sempre interessante, e a mistura de pop, rap e R&B do trio parece atingir o equilíbrio perfeito aqui.


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J.I.D

“DiCaprio 2”

Quando J.I.D lançou, ano passado, o seu álbum debut “The Never Story”, já nos dava indícios de ser um dos maiores da sua geração. DiCaprio 2 não só nos confirma a suspeita, mas também bota J.I.D na briga por maiores títulos. As beats são mínimas e graves, realçando o talento de J.I.D e seu flow que é certamente diferenciado.  


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Robyn

“Honey”

Robyn é uma das grandes compositoras de sua geração, mesmo que seu impacto não seja tão sentido no amplo da música pop. Após oito anos de hiato, a britânica entrega a sequência espiritual de “Body Talk”, dessa vez, falando sobre a retomada daquele relacionamento que parecida despedaçado.

Com sua sensualidade robótica de sempre, Robyn não faz nada de novo, mas é dona da fórmula que aprendeu a trabalhar e entrega alguns dos singles mais eficientes de 2018.


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Kanye West

“ye”

Após a caixa de pandora musical que foi “The Life of Pablo” e o turbilhão que foi a vida de Kanye West durante o ano subsequente ao lançamento daquele álbum, ninguém sabia o que viria em seguida. Ao que se vê, o tempo de isolamento fez bem à sua música. “ye” é um apanhado de canções cruas e extremamente pessoais, que navegam pelos diversos estilos que Kanye aprendeu a executar muito bem ao longo de sua discografia. Nenhuma das canções tentando ser maior do que é, nenhum arranjo tentando ser épico e se sobrepor aos outros. “ye” é, no geral, simples, mas poderoso e tocante.


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Travis Scott

“Astroworld”

Se em 2014 Scott fez muito com pouco em sua segunda mixtape “Days Before Rodeo”, no planejamento desse álbum teve todos os recursos em suas mãos para montar a produção perfeita e dar razão ao sentimento de que ele, ao contrário do que muitos pensavam depois do seu último lançamento, tem sim potencial para ser um dos melhores rappers de sua geração.


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Mitski

“Be the Cowboy”

Mitski faz parte de um pequeno grupo: os de artistas fazendo pop de altíssima qualidade e que, por diversas razões, não estão no mainstream. “Be the Cowboy” é um apanhado de todas as virtudes da cantora em uma só narrativa. Denso, dinâmico e poderoso, o álbum conta com momentos intimistas e triunfais, todos eles costurados pelo protagonismo e força constantes da voz da cantora.


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Ariana Grande

“sweetener”

Ariana Grande volta dois anos depois de “Dangerous Woman” tentando achar sua nova faceta na indústria, experimentando mais e correndo mais riscos que nunca. Contudo, “Sweetener” foi um tiro certeiro nessa busca, Ariana está mais cuidadosa e delicada, e com certeza nos deixa esperando mais e aumenta o seu nível e também, a nossa expectativa para projetos futuros


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MGMT

“Little Dark Age”

Muito mudou desde o final dos anos 2000, os celulares ficaram menores e mais finos; e depois ficaram maiores e mais grossos novamente. A economia se recuperou da grande crise mundial de 2008, e já está firme e forte pronta pra outra. No final dos anos 2000 músicas com sintetizadores fortes e refrões grudentos fazem tremendo sucesso; hoje em dia… também.

Muita coisa mudou desde o debut do duo nova iorquino, particularmente sua sonoridade; que não se assemelha nem de longe com a apresentada uma década atrás. Little Dark Age são 45 minutos de uma experiência psicodélica quase transcendente, de muito experimentalismo e criatividade.


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Arctic Monkeys

“Tranquility Base Hotel + Casino”

A sonoridade da produção e arranjo soa como um filho de Velvet Undrgound com R&B do tardar dos anos 50, “Tranquility” não é nada como nenhum projeto que a banda já fez anteriormente, logo na primeira faixa já percebemos o trabalho crescente de Nick O’Malley, que agora, mais do que nunca tem todo o espaço do mundo para trabalhar nas melodias de BPM baixo, nas novas composições arranjadas quase unicamente por Alex Turner.

Tranquility não entrega aos fãs o que eles queriam, mas sim, o que eles precisam. Certamente virá a ser o álbum mais contestado e controverso da carreira dos meninos ingleses, mas é uma reviravolta no estilo de som que traz o vigor que a banda precisava para dar a volta por cima no cenário musical, não como uma banda de massas, mas como uma obra de arte que precisa de múltiplas execuções pra começarmos a ver as formas.


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Low

“Double Negative”

É incrível como a música explora e estimula outros sentidos fora o auditivo. Double Negative é um dos principais atestados disso em 2018, sendo uma total mistura de sentimentos e uma experiência cheia de cores, por mais escuras que ela sejam.

O álbum ganha ainda mais destaque pelo fato de nos encontrarmos num mundo onde a arte é dominada pela política e você deve ter algo a dizer. Low discorda. A ausência de palavras e imponência dos instrumentos da banda provoca mais tensão abstrata que perigos reais. Cria sua própria atmosfera e hipnotiza crescentemente quem quer que escute.


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BROCKHAMPTON

“iridescence”

Mesmo com menos energia e urgência que na série Saturation, o grupo do BROCKHAMPTON continua a se destacar em seu quarto disco - por razões diferentes dos anteriores. No que parece ser o primeiro projeto que funciona por si só e por conta própria do coletivo, a produção é mais complexa, as ideias, mais polidas e a saturação de, literalmente, tudo, parece começar a dividir o posto com o perfeccionismo e a atenção aos detalhes.


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Pusha T

“DAYTONA”

2018 vai ser lembrado como o ano em que Pusha T destroçou Drake em uma das maiores beefs que o hip-hop já viu, e tudo começou com “Daytona”. O projeto, que foi o primeiro vindo do novo exílio de Kanye West em Wyoming, serve como uma coroação para um rapper que tem em mente um tipo de reconhecimento diferente de seus contemporâneos.

É claro, ele também gosta de falar o quão rico se tornou, mas diferente de muitos, Pusha realmente viveu a vida que muitos apenas usam de vitrine. Durante as curtas sete faixas do álbum você é levado de volta aos anos 90 tanto na produção como no jeito cru e direto das rimas, onde ele mostra que conhece tão bem a vida de traficante que para aproveitar de verdade suas letras você precisa ter vivido ela. Ou melhor, se você souber, você sabe.


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Noname

“Room 25”

Uma das certezas de 2018 foi a de que eu, você e qualquer pessoa poderia ouvir durante intermináveis horas Noname rimar sobre as diversas verdades (sendo elas pesadas ou não) sobre o nosso mundo contemporâneo da forma mais leve possível. Talvez esse contraste seja a coisa mais interessante de Room 25. A aconchegante voz de noname e seu flow excepcionalmente convidativo (facilmente a versão feminina de Chance) tem muito a dizer de uma forma que nem ousamos contestar em ouvir.

Claro que o álbum inteiro infestado de Jazz e Funk o torna mais ritmado que seus concorrentes no gênero. Mas o mais importante é que ela tem facilidade de falar sobre tudo, usar e abusar de metáforas e assim, criar um mundo só seu, e consequentemente para todas mulheres se identificarem. É por vezes frágil e vulnerável e por outras forte e veemente. Sabe a hora de acelerar e desacelerar. E ainda ’Y'all really thought a bitch couldn't rap huh?’’.


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The 1975

“A Brief Inquiry Into Online Relationships”

“A Brief Inquiry…” tem a pós-modernidade como uma espécie de musa inspiradora, ela é inicio, meio e fim na tematica e estética das 15 músicas que completam a obra. E também, é verdade que a arte vem numa crescente politica nesses últimos tempos. Todos têm opiniões fortes sobre tudo e qualquer coisa, e todos querem deixá-las claras como cristal, pois opiniões vendem, e vendem bem.

A minha estranha relação com o The 1975 nos últimos trabalhos me deixaram com pouca ou nenhuma esperança de um dia ouvir um álbum de boa qualidade deles, mas de novo, 2018 nos confunde e nos surpreende, a ponto que: consideramos “A Brief Inquiry Into Online Relationships” um dos melhores álbuns do ano.


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Jean Grae & Quelle Chris

“Everything’s Fine”

A vida é injusta. Jean Grae e Quelle Chris, possivelmente, nunca terão algo perto de um hit, sendo que a indústria já está saturada de rappers dos mais variados tipos. É inevitável pensar, no entanto, no que este álbum seria caso fosse dado o devido reconhecimento.  

Everything’s Fine é genial do início ao fim, desde suas influências de Jazz ao tom satírico que permeia cada uma das faixas ao repetir, de novo e de novo, que tudo está bem. A sincronia e química da dupla é assombrosa, com ambos abraçando o conceito e entregando alguns dos melhores versos de 2018 no processo, mostrando que não perdem em nada para seus contemporâneos mais bem sucedidos.

Mas, como dito antes, vivemos em um mundo de injustiças, onde queremos acreditar que tudo está bem, quando definitivamente não está.


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Janelle Monáe

“Dirty Computer”

A discografia de Janelle Monáe é uma das construções de universo mais interessantes na história da música recente. Explorando temas como diversidade, guerra, política e libertação, a personagem Cindi Mayweather foi protagonista de alguns dos melhores discos de R&B e Pop dos anos 2010.

Contudo, em seu terceiro álbum de estúdio, quem coordena a festa é a própria artista. Aqui, Monáe se expõe, crua, viva e livre. Em “Dirty Computer” Janelle Monáe utiliza da temática futurista como adereço estético, pois as discussões e os temas abordados refletem o nosso mundo e como a cantora se vê nele.

Sexualidade e política se entrelaçam de maneira inteligente e divertida, sem perder a seriedade quando necessária. O álbum é o mais acessível de Monáe, mas não por isso, é menos completo. Na verdade, em alguns momentos soa como seu melhor trabalho, justamente por unir todas as virtudes da cantora em um pacote que executa (quase) tudo que propõe, com perfeição.


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Blood Orange

“Negro Swan”

Dev Hynes bateu na trave algumas vezes, a primeira delas em 2013 com Cupid Deluxe, era o segundo álbum de estúdio com o pseudônimo de Blood Orange, foi um álbum grandioso e maximalista, Dev tinha tudo o que pedimos a Deus de um produtor: coragem, talento e criatividade; mas assim, - muita - coragem mesmo. Blood Orange representa algo que talvez vocês não saibam, e eu também não sei, porque só sabe de fato quem sente na pele. Dev faz questão de deixar em evidência assuntos importantes da identidade negra; sexualidade, repressão social; como vive uma minoria in a nutshell; sem os estereótipos reforçados pela própria indústria.  

Negro Swan é o aperfeiçoamento de seu antecessor “Freetown Sound”, o álbum que nos deixa em águas desconhecidas que posteriormente descobriremos ser o início dessa imersão estranha, porém muito agradável que é Negro Swan. A mistura de gêneros musicais nas 16 faixas do álbum é tão diversa e natural; a viagem tranquila e familiar das primeiras faixas do disco vão se distorcendo e se tornado cada vez mais distintas umas das outras. Isso sem falar que a quantidade de instrumentos vai crescendo junto com o experimentalismo de Dev; flautas, cordas desafinadas e instrumentos de sopro não tão ortodoxos, vocês vão ouvir de tudo.

Se Dev não atingiu com esse álbum, o ápice do R&B alternativo até agora, eu não sei quem um dia pode ter feito, deixando o comodismo e o saudosismo de fora da equação e entregado a soma de todos os seus trabalhos anteriores.


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KIDS SEE GHOSTS

“KIDS SEE GHOSTS”

Considero isso inaceitável. Ano após ano, por mais de uma década, eu e mais muitos caímos na armadilha que Kanye West tão facilmente prepara para todos nós. Não bastasse surpreender a todos que duvidavam dele em “The College Dropout”, a todos que duvidam que um rapper pudesse fazer uma boa sequência em “Late Registration”, a todos que duvidavam que o bling rap seria derrotado por Graduation”, ou que sua carreira tinha ido pelo ralo após “808 & Heartbreak” até sermos brindados com “My Beautiful Dark Twisted Fantasy”, ou quando todos achavam que ele não podia ir mais alto, então foi mais extravagante e mais estranho em “Watch The Throne”, “Yeezus” e “The Life of Pablo”.

Então, no ano mais conturbado de sua carreira, se isso é possível, um anúncio de um novo exílio e um álbum colaborativo com Kid Cudi, que não lançava nada decente a anos. O que pode dar certo? Nem eu, nem você, nem o mais otimista fã de Kanye West viu “Kids See Ghosts” chegando.

Desde a minuciosa escolha de samples que vão desde vocais de fundo à cada instrumento de diversas das canções, às alterações de vocal e de tom de voz, aos versos e até mesmo o silêncio. Kanye West nunca pareceu tão perfeccionista e ele fez alguns dos trabalhos mais detalhados do século. Em um exercício inútil, você pode apontar coisas que não gosta no álbum. Talvez o tom, talvez a estranheza das faixas, talvez a falta de um hit de rap versão 2018, mas a verdade é que tudo está no lugar onde deveria.

“KSG”, como ficou popularmente conhecido ao redor do mundo, não é apenas um retorno a forma para ambos os artistas, mas uma viagem psicodélica pela mente de dois seres humanos que se acostumaram a serem derrubados, apenas para renascer de novo. É tão estranho como é verossímil, tão complexo como é simples, tanto um pedido de ajuda como uma redenção. É o melhor álbum de 2018.


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