Crítica | Rae Sremmurd - SR3MM

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Essencialmente, nada diferencia os irmãos Slim Jxmmi e Swae Lee de outros nomes do hip-hop de hoje. Em seu terceiro álbum de estúdio, o duo conhecido como Rae Sremmurd (Drummers Ear ao contrário) atacam de Outkast em um álbum triplo que contém, respectivamente, uma primeira parte conjunta, uma segunda performada por Swae Lee e uma terceira por Slim Jxmmi. O fato de que, na verdade, é um projeto decente, impressiona.

São quase duas horas de duração, mas não é um teste a sua paciência como "Culture 2" por exemplo. Por trocarem (levemente, ok) quem performa as músicas em cada parte o álbum não se torna exatamente maçante, mesmo que fique bem claro que, assim como Outkast, seus poderes são melhores combinados.

"SR3MM" seria um dos discos de rap mais eficazes do ano se fosse lançado solo.

É um banger atrás do outro e cada um com sua própria cara sem desviar do tom característico do duo que é um quase como hip-hop com uma dose de uma mistura entre pop e R&B. "Powerglide" é um dos melhores e mais contagiantes singles do ano e "Perplexing Pegasus" é tão interessante como seu inventivo nome, mas faixas como "Close", com Travis Scott, e "Bedtime Stories", com The Weeknd, apresentam insights na vida dos dois jovens como ainda não havíamos visto. Na primeira eles desconfiam de pessoas que se aproximaram deles por causa da fama, se sentem claustrofóbicos por estas pessoas estarem tão perto, já na segunda, Abel Tesfaye que não sabe cantar mal em nenhuma participação, por menor que seja, se junta a eles para falar sobre garotas que procuram caras novos todos os dias.

O que mais chama a atenção é a química que os irmãos tem. Swae Lee tem uma das melhores vozes do gênero, cheia de energia, com um senso de liberdade gritante e ele sabe utilizá-la de forma climática para conduzir a maioria dos refrões. Slim Jxmmi tem uma presença imponente e raramente perde um verso, mas sabe dar espaço para seu irmão brilhar na maioria das vezes. Eles falam de poucas coisas realmente importantes aqui, são jovens, negros e agora famosos e ricos, o que os diferencia é a alegria com que encaram tudo isso. 

Os piores momentos são justamente quando eles fogem de sua fórmula de sucesso. É claro que inovar é preciso, mas faixas como "42" e "Buckets" não servem como amplificadoras de conceitos nem são tão eficazes como outros destaques. A bem da verdade é que "Black Beatles", de 2016, cairia como uma luva aqui, falta ao duo descobrir um jeito de evoluir sem perder seu principal apelo.

Quando os dois se separam nos volumes seguintes a caída de qualidade é tão drástica que quase assusta. Swae Lee, que tem sido o destaque desde o início, não consegue fazer de "Swaecation" algo nada lembrável. É até mesmo inferior a "Jmxtro" que recupera um pouco a atenção do ouvinte, mas não chega perto de "SR3MM". Faixas como "Red Wine" e "Keep God First" são tão unilaterais e mal pensadas que não sei como fizeram a listagem final. Não existem grandes destaques em nenhuma das duas partes solo e sofrem do mesmo mal que qualquer álbum longo hoje em dia: as primeiras músicas sempre ofuscarão as posteriores se o tom não for mudado ou melhorado. 

"SR3MM" confirma o star power do duo de irmãos, mas como um todo não oferece nada que mereça ser lembrado a longo termo mesmo que sua primeira parte seja realmente eficaz. Enquanto eles continuarem entregando hits, vão ter espaço no mainstream, mas para se manterem relevantes terão de evoluir. 

"SR3MM" - 7 

"Swaecation" - 4

"Jmxtro" - 5

6

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