Crítica | Arctic Monkeys - Favourite Worst Nightmare

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''Whatever People Say I Am, That's What I'm Not'', o álbum de estréia da banda britânica, Arctic Monkeys, vendeu incríveis 300 mil álbuns na primeira semana, sendo os mais rápidos a alcançar tal feito. Aclamado criticamente, liderado por um ainda extremamente jovem Alex Turner (19 anos), a expectativa crescia conforme passava o intervalo de pouco mais de 1 ano entre os álbuns.  Mais especificamente 14 meses, que foram o suficiente para trazer um Arctic Monkeys mais complexo e completo do que nunca.

Estabelecer um padrão tão alto ainda tão jovens pode gerar tanto entusiasmo quanto medo do que está por vir. Historicamente, com Frank Ocean e seu ''Channel Orange'', passando por Oasis e ''Definitely Maybe'' e chegando a Franz Ferdinand, e seu primeiro LP auto intitulado, temos álbuns de estréia tidos como excelentes que acabam estabelecendo um nível alto demais para serem ultrapassados, independente da genialidade de seu artista. O fato é, com toda qualidade que ''Whatever People Say I Am, That's What I'm Not'' demonstra, Arctic Monkeys tinha espaço para melhorar, e o fez em todos aspectos necessários.

A voz arrastada e mortal de Alex Turner aparece faixa por faixa com um senso de urgência para contar sua história (aqui muitas vezes focada em relações e términos) de forma por vezes charmosa, por vezes feroz, e sempre da maneira mais eficiente e sedutora possível.

Além dos vocais, a organização sonora aqui melhora consideravelmente. Se restava alguma dúvida sobre toda competência da banda britânica ela vai embora nas primeiras duas faixas, ''Brianstorm'' e ''Teddy Picker''. Suas progressões, os riffs e sua percussão visceral, tudo ouvido perfeitamente de um Turner sarcástico é o melhor início possível para um álbum que veio para estabelecer de vez quem seria Arctic Monkeys.

 E o que mais perfeito para se estabelecer do que, porque não, a melhor faixa de Rock dos anos 2000. ''Fluorescent Adolescent'' é transcendental. Ela, que conta sobre envelhecer e descobrir que as coisas que tinham graça não são mais realidade, é de uma fluidez extraordinária. O contraste entre o bom humor e o choque de realidade destacam aqui, talvez o maior triunfo de ''Favourite Worst Nightmare''. Suas letras.

Escrever sobre términos, relações e frustrações não é nada inovador, mas o jeito com que Turner faz com que elas durem e estejam imortalizadas há mais de 10 anos na cabeça e no coração de qualquer um que escute é o que as diferencia.

E é após ''Fluorescent Adolescent'' que podemos ter a honra de conhecer o lado mais emocional de Turner. Ao que parece um peixe fora da água aqui a primeira vista, ''Only One Who Know'', é uma balada delicada e sentimentalmente graciosa o suficiente para você querer cuidar dela com as próprias mãos se torna facilmente uma das favoritas. A partir de ''Do Me a Favour'' (uma das músicas mais contagiantes do álbum) até ''Old Yellow Bricks'', entramos numa atmosfera psicótica, intensa e viciante até culminarmos na maior carta na manga do vocalista da banda até então.

''505'' expõe, tanto liricamente, quanto sentimentalmente e vocalmente um Alex Turner vulnerável. A última track do álbum é extremamente sexy e irresistível. Se utilizando, em seu início, do Sample da soundtrack de ''The Good, The Bad and the Ugly'', Favourite Worst Nightmare nos da um final perfeito. É onde as cortinas se fecham e os aplausos começam. Onde a tela fica preta e a sua vontade é, inevitavelmente, de recomeçar tudo aquilo de novo.

9

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