As Melhores Interpretações da Década | Atrizes Principais
Se montar qualquer lista de filmes já é um exercício que, por mais divertido que seja, tende a se tornar exaustivo quando levado a sério (o que, infelizmente, acabo fazendo), elencar as principais performances em um período tão longo é uma tarefa mais do que ingrata.
Pois pense só, muito provavelmente em todos os bons filmes que viu havia ao menos uma boa interpretação, mas além destes há aqueles filmes medianos que trazem performances inspiradas e até aquelas atrocidades salvas pelo trabalho de um ou outro intérprete. Além disso, se um filme já é um mar de elementos que funcionam de acordo com a subjetividade - e bagagem cinematográfica, é claro - de cada um, imagine avaliar atuações que, em atos mínimos, e muitas vezes desapercebidos, acabam nos tocando de formas que nem bem sabemos como.
Acho interessante apontar também como, nas listas de atores e atrizes coadjuvantes, a diversificação étnica é mais visível, algo que diz mais sobre os estúdios - e sobre nossa sociedade - sobre a capacidade dos interpretes pertencentes a minorias.
Para facilitar meu trabalho e torná-lo mais prazeroso, decidi apenas listar aquelas interpretações que mais me cativaram, por um motivo ou por outro e, antes de começar, aviso que dividi os atores em duas categorias, assim como na grande maioria das premiações, por motivos óbvios. Além disso, atores e atrizes presentes em uma postagem não poderão ser incluídos em outra, por motivos de variedade.
Abaixo, aquelas as quais considero as 10 melhores performances femininas em um papel principal nestes últimos dez anos:
Menções Honrosas: Natalie Portman em Cisne Negro (julgo que, não fosse a polêmica envolvendo a veracidade nas cenas de dança, Portman estaria bem alto na lista); Leandra Leal em O Lobo Atrás da Porta (e como me doeu deixá-la de fora); Cate Blanchett em Blue Jasmine e Carol (outra que me doeu deixar de fora); Sally Hawkins em A Forma D’água; Greta Gerwig em Frances Ha; Emmanuelle Riva em Amour; Michelle Williams em Blue Valentine; Julia Stockler em A Vida Invisível; Lupita Nyong’o em Nós; Jennifer Lawrence em Mãe e O Lado Bom da Vida.
Dentre as quatro categorias de interpretação, acho que esta foi a mais fácil.
Por mais que Jacob Tremblay inevitavelmente roube a cena no intenso filme de Lenny Abrahamson, é por conta da personalidade quase dizimada de sua mãe que o longa se torna uma tarefa quase intolerável, justamente por, em diversos momentos, preterirmos o sofrimento feminino em função de qualquer outro grupo, sejam eles homens adultos, ou crianças ainda indefesas.
Sucumbindo à toda humilhação e falta de esperança que sua situação lhe impõe, Brie dá vida a uma mulher que quase desistiu da própria e cujos únicos sinais de resistência surgem em seu rosto quando olha para um filho que tantas rejeitariam - e não as deveríamos julgar por isso.
É um doloroso retrato sobre a condição precária da mulher na sociedade e uma complexa jornada no espectro da maternidade que, ao mesmo tempo em que te priva de toda a luz, não deixa de sugerir que o certo é lutar por ela. Assistir ao “Quarto de Jack” é uma experiência traumatizante, e extrema - e infelizmente - necessária.