Crítica | A Vida em Si
Dirigido e roteirizado por Dan Fogelman (This Is Us), “A Vida em Si” mede bem suas doses tragédias e dramas.
O filme, dividido em quatro capítulos, se inicia com tremenda genialidade na forma de uma narração feita por Samuel L. Jackson. Conseguimos apreciar a história e os pormenores do casal formado por Will (Oscar Isaac) e Abby (Olivia Wilde). É um começo envolvente que se desenrola de forma não-linear e prende a atenção do espectador. Porém, os outros três capítulos da obra parecem desinteressantes se comparados ao primeiro.
Acompanhamos então as reverberações e consequências da separação do casal inicial, assim como os eventos que a levaram a acontecer. O segundo capítulo, focado na personagem Dylan (Olivia Cooke), começa de forma interessante porém após o time lapse da infância para a juventude, a narrativa torna-se clichê e não surpreende.
Os capítulos seguintes viajam até a Espanha e nos mostram a família Gonzalez e como suas vidas se entrelaçam com as de Will e Abby. Apesar da história da família ser emocionante, é difícil de se relacionar com os personagens e se ver como um deles. É inegável que a atuação de Antonio Banderas é o que segura a segunda metade do filme.
A construção narrativa do filme funciona como um quebra-cabeça onde as peças vão se encaixando com o passar do tempo. Esse recurso funciona muito bem na série "This Is Us”, mas é muito mais difícil utiliza-lo em apenas 117 minutos. “A Vida em Si” caberia muito bem em qualquer outro formato midiático, poderia ser uma série, um livro ou até mesmo um comercial pro YouTube. E talvez esse seja o maior defeito do filme: ele não precisa ser um filme.
No entanto, sua maior qualidade é certamente a inteligência por trás dos diálogos. São dramáticos na medida certa, além de anteciparem a reação do espectador, o que traz um humor leve e certeiro.