Crítica | Te Peguei

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Semana passada me deparei com a seguinte mensagem melancólica em um tweet:

“Um dia você e seus amigos de infância saíram para brincar pela última vez e nenhum de vocês percebeu.”

Bom... Não é o que acontece em “Te Peguei”.

O caminho do amadurecimento costuma se cruzar com o da independência, nos afastando de tudo aquilo que é nostálgico (inclusive nossos amigos de infância) pelo medo de que esse apego ao passado atrapalhe nosso crescimento. Bobagem. Às vezes o melhor é brincar de pega-pega.

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Com uma história baseada em fatos reais, “Te Peguei” nos apresenta a um grupo de amigos que decidiu (mesmo após terem seus empregos, esposas e vidas separadas) continuar a brincar de pega-pega. A cada mês de maio o jogo é reativado e a turma faz absurdos para “pegar” seus amigos nos momentos em que os jogadores estão mais desavisados. Vale tudo: nascimentos, funerais, reuniões do Alcoólicos Anônimos… Nada é sagrado.

Quando um deles - Jerry (Jeremy Renner), o campeão com habilidades Jackie-Chanescas que nunca foi pego - vai se casar, todos os outros decidem se unir para tentar fazer o impossível: pegá-lo. Para isso, os amigos alcançam extremos e todo esse entusiasmo bizarro e infantil é o foco da comédia.

A maior força do filme é a comédia física nas perseguições. Ótimos momentos cômicos nascem nessas cenas alucinadas de ação que misturam parkour e câmera-lenta. Quando estas cenas se chocam com a realidade, fica tudo ainda mais engraçado. É assim em uma das melhores sequências, quando Jerry se atira contra um vidro de uma igreja e seus amigos comentam: “Desnecessário.”

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O elenco fantástico dá o maior peso à história. Hannibal Buress é, de longe, o amigo mais engraçado do grupo. Seu ar meio perturbado e sempre desconexo insere uma quebra no filme que funciona muito bem. Dá pra ver a pitada de nonsense que ele trouxe do “The Eric Andre Show”. Junto com ele, Jon Hamm (nosso publicitário favorito), Ed Helms (que já tem experiência em comédias sobre caras se reunindo pra fazer bagunça) e Jake Johnson (que você já conhece, mas não lembra de onde) compartilham uma química muito dinâmica. Entre as personagens com menos tempo de tela, Isla Fisher brilha interpretando Anna - a esposa super animada e violenta com o jogo, mesmo não participando dele. Já a jornalista Rebbeca, está ali apenas de enfeite.

“Te Peguei” não se propõe a ser uma comédia inovadora ou genial. É uma homenagem àquele poder que brincadeiras infantis têm de nos levar de volta a uma época em que tudo era mais intenso, mais importante e, ao mesmo tempo, menos preocupante. Mais que isso, é sobre distanciamento e como a amizade e a nostalgia são maiores que isso. Já aviso: se for assistir esse filme com um amigo, vai precisar ser muito maduro ou muito chato para não tocá-lo no fim do filme e dizer: “Tá com você.”

7,5

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