Crítica | Leon Bridges - Coming Home
Todd Michael Bridges, ou Leon Bridges, foi congelado no tempo. O cantor ''Soul'', Gospel, R&B e escritor americano nascido no Texas tinha apenas 25 anos quando lançou seu álbum de estréia ''Coming Home'', mas definitivamente sua voz e sua alma devem ter algumas dezenas de anos a mais.
Os casos mais recentes de artistas que abraçaram o soul e o R&B clássico, como Alabama Shakes, Cee-lo Green, Amy Winehouse e Gary Clark Jr são universalmente acolhidos pela crítica e isso com certeza se deve ao fato dos amantes de música sentirem falta do gênero, mas esse valor de nostalgia que muitas vezes pode alavancar carreiras é uma faca de dois gumes, afinal, todos buscamos originalidade.
"Coming Home" remete as melhores características desse gênero músical e Leon Bridges, que canta com uma facilidade e qualidade imensuráveis nos traz lembranças do gigante Sam Cooke. O LP é repleto de baladas sobre amor, como a ótima ''Here In My Arms'', é infestado de Backing Vocals femininos suaves e exuberantes, aliados ao saxofone e ao órgão em ''Doo-Wops''. É transportador e nostálgico e um talento promissor como poucos.
Nesse aspecto (nostalgia), Bridges peca levemente. Sua voz é tão excepcional que pode nos fazer desviar o olhar para a falta de um pouco de toque pessoal ou originalidade aqui. Os artistas citados a cima tem como características trazer qualquer singularidade própria pra dentro de sua música e o fazem tão bem que acabam surgindo coisas transcendentais ("Crazy" de Cee Lo, "Back in Black de Amy"). Leon, em seu primeiro LP, prefere pecar por falta do que por excesso, o que definitivamente não é um grande problema. As qualidades vocais e a instrumentalização ocultam a ausência de um estilo próprio e único, que não deve ser um problema mais adiante na carreira do cantor.
Além da voz, Leon se destaca liricamente. A facilidade para escrever é assombrosamente quase tão natural quanto para cantar. Se sua voz tem a capacidade de transportar qualquer um para os anos 60, suas letras têm a competência de nos contar histórias da forma mais honesta possível, seja na simplicidade de voltar para seu lar como em ''Coming Home''; na genuinamente religiosa, e linda, ''River''; na íntima ''Lisa Sawyer'', contando a história de sua mãe; na oração que é a maravilhosa e delicada ''Shine''; e na sexy e sedutora ''Smooth Sailin'' e seu processo de atração e conquista.