Crítica | Maroon 5 - Songs About Jane
Sim, houve uma época que Maroon 5 era literalmente uma banda. Daquelas que possuíam guitarras, baixos e percussão que podiam ser ouvidos. E não, não faziam pop mainstream com produções bagunçadas onde nada é ouvido (I don't wanna know, know know). Adam Levine não era somente o cantor, mas também o guitarrista aqui e, Songs About Jane, o primeiro álbum de uma até então ótima banda, trazia consigo Pop, Rock, Funk, Soul e um toque de Jazz.
Ou você morre herói ou vive suficiente para se tornar vilão.
Mas essa review é sobre o que era o Maroon 5 e não o que se tornou. Não há dúvidas sobre como "Songs About Jane" é importante. A virada dos anos 2000 foi uma época difícil pro gênero Pop, mas cavando mais a fundo, a importância que esse álbum tem para cada pessoa que tenha o ouvido com mais cuidado é imprescindível.
Songs About Jane, além de toda sua diversidade sonora, se torna tão importante para quem o escuta pois conta histórias sobre situações que provavelmente quem já se apaixonou consegue identificar-se, sendo coeso como álbum, traduzindo essa ótima história com início, meio e fim em 12 músicas.
Por questões informativas e esclarecedoras, mais que músicas sobre amor (positivas ou não), esse álbum é inspirado em uma ex namorada de Adam Levine, Jane, em que ele se encontrava em um estado possessivo depois de ter se apaixonado perdidamente por ela. Nada saudável mas também não é como se a mais racional das pessoas saiba lidar com um cérebro cheio de endorfina e um coração transbordando de paixão.
E que jeito melhor de começar que com a melhor música do álbum, "Harder To Breathe". Curiosamente, ela só existe porque a gravadora em questão obrigou a banda a fazer mais músicas pois faltava material para o álbum ser lançado. Planejada ou não, a faixa é visceral, a guitarra, a bateria e a voz de Levine não param e de forma contagiante representam toda frustração de estar sobre pressão, seja em um relacionamento ou qualquer outra situação.
"This Love", a segunda faixa do LP, é até hoje uma das maiores músicas da banda. Sexy, com um riff de guitarra impossível de não se entregar e com Adam Levine externando todo seu talento vocal. Talento vocal que, eu, você, e qualquer fã da banda deve sentir saudade.
Adam Levine nunca foi de alcançar notas estratosféricas, e nunca precisou. Em Songs About Jane canta com uma naturalidade que não demonstra esforço, e com um falsete puro no melhor exemplo de como ele deve ser.
Na metade do álbum, com "Tangled" e "The Sun" temos duas excepcionais faixas onde a banda se destaca como um todo. Cada instrumento é ouvido com clareza e perfeitamente, mas o que realmente fica em evidência é o trabalho de escrita de Adam Levine. As duas faixas se completam, a primeira falando sobre um relacionamento abusivo, mas não pelos olhos da vítima e sim sob o ponto de vista de quem o comete, seguido por um início que soa muito como ''Superstition'' de Stevie Wonder, "The Sun" flui espontaneamente e fala sobre o otimismo pós um relacionamento que não deu certo. Claramente, uma engrandece a outra. É o perfeito contraste de duas das músicas mais inteligentes escritas no repertório da banda.
Mas claro que ninguém espera que tenhamos um álbum perfeito aqui, não é? "Must Get Out", que por algum motivo que não entendemos, foi lançado como single, e é lenta, arrastada e apática, facilmente substituída por "Secret", essa extremamente pessoal, honesta e imersiva. "Shiver" é outro erro, não por ser propriamente ruim mas sim por ser extremamente comum e dar a impressão de ser reciclada de músicas do próprio Maroon 5.