Crítica | Tony Bennett & Lady Gaga - Cheek to Cheek
Se é engraçada ou espetacular a forma com que os opostos se atraem, isso vai de cada um. Se pode ser os dois? Bom, nesse caso de fato é. Engraçado porque, no momento em que Tony Bennett demonstrou interesse em gravar mais um álbum de musicas antigas ''porque simplesmente não gostava das novas'', quem no mundo iria imaginar que o dueto do senhor de 88 anos de idade seria Lady Gaga? Espetacular porque, o canto tênue e sem esforço de Bennet se dissolve tão bem na excentricidade da voz extremamente madura de Stefani Germanotta, que seus 34:53 minutos de duração parecem 10.
Dizem que o jazz é eterno. É o charme em forma de música acompanhado de perto por seus trompetes, e com uma linda relação com o piano. O álbum não foge desse conceito. É leve, charmoso, e além de tudo proporciona uma química tão real e natural entre seus dois cantores que isso contribui para que suas músicas transcendam o sentido auditivo. Em meio ao meu quarto, em ''Cheek to Cheek'' e ''Nature Boy'', um balcão com diversas bebidas e um grande piano surgiram, e de fato eu estava presenciando ambos junto aos cantores em algum bar em 1950 lotado de pessoas, e mesmo com todos a minha volta, ou com na verdade ninguém, mal podia evitar de sorrir ou dançar. Pouco tempo depois, dessa vez em um show particular, ''Lush Life'' e ''Sophisticated Lady'', ambas exigindo mais esforço vocal, e porque não, profundidade emocional, apesar de Bennett se destacar mais em sua faixa solo, é como se eles estivessem em um palco de algum teatro vazio. Só os dois e um borrão de luz. E é como se nenhum deles se importasse em ceder o spotlight para o outro. É uma relação verdadeiramente recíproca, assim como o álbum inteiro.