Top 10 | Melhores Raps Sobre Mães

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Não é incomum que artistas mencionem ou façam músicas para suas mães em algum ponto de suas carreiras, mas talvez nenhum gênero tenha uma relação tão especial com as mães do que o hip-hop. 

Justamente por virem, em sua maioria, de lugares pobres e ambientes hostis onde é normal que mães criem seus filhos sozinhos, diversos rappers já expressaram amor incondicional pelas pessoas que tornaram todo seu sucesso possível. Além disso, há algo de especial em ver artistas que se mostram tão intocáveis e absolutos, que julgam serem fortes para aguentar qualquer coisa por conta de onde cresceram, se abrirem por pouco minutos a fim de mostrar seu lado mais vulnerável. 

Nesse dia das mães, trazemos para vocês as 10 melhores músicas de rap feitas para as mamães. 


10 | Nas e Fannie Ann Jones - Dance

I pray, when I marry, my wife'll have one of your skills
But Mom, you could never be replaced
I'd give my life up just to see you one more day, to have one more dance with you mama

Uma das últimas faixas de seu sexto álbum de estúdio, "Dance" retrata a saudade de Nas de sua recém falecida mãe e seu desejo de poder ter pelo menos mais uma dança com ela. Com uma atmosfera imersiva, o rapper detalha conversas sobre o espaço sideral que tinha com sua mãe e como ele desejava nunca ter de rimar estas letras. Mas há muito pouco de dor ou ressentimento aqui e muito mais um senso de agradecimento e realização de saber que agora sua mãe está em paz e em um lugar melhor. 


9 | Eminem and Debbie Mathers - Headlights

But I'm sorry, Momma, for "Cleanin' Out My Closet"
At the time I was angry, rightfully? Maybe so
Never meant that far to take it though
‘Cause now I know it's not your fault, and I'm not makin' jokes
That song I no longer play at shows
And I cringe every time it's on the radio

Após uma carreira atacando a tudo e a todos, inclusive sua mãe pela negligência e o ambiente abusivo à que ela o submeteu, Eminem passou por uma forte reabilitação que pode ser melhor vista em "Marshall Mathers LP 2", onde ele enfrenta diversos de seus fantasmas do passado de forma madura. Em "Headlights" ele pede desculpas por todas as coisas que falou e uma das narrativas mais conhecidas e inusitadas do hip-hop tem uma conclusão justa e equivalente ao talento de Eminem, que por vezes é ofuscado por sua tendência a agressividade. 


8 | Chance The Rapper e Lisa Bennet - Hey Ma

I said 'Hey Ma', don't go stretching your wallet
These niggas gotta pay me for taking a year from college
Go on get ya nails polished, stylist for your eyelids
And a pilot for your mileage for them frequent flights to your island

Chancelor Bennet, ou Chance, the Rapper, como ficou conhecido, sempre foi um homem devoto a sua família e a Deus em sua música. Curioso, portanto, que sua primeira mixtape seja intitulada “10 Day”, que tem esse nome em função de Chance ser suspenso por tal período de tempo na escola. Essa suspensão veio a se tornar uma pausa de um ano nos estudos, onde Chance se dedicou inteiramente para o Rap e ''Hey Ma'' surgiu disso. A canção nada mais é do que um pedido de desculpas sincero e contagiante, onde ele revela seu mal comportamento quando jovem, tanto na escola como fora dela, o que deixava, obviamente, sua mãe louca. Mas aqui ele constata, com alegria e devoção em sua voz, que, finalmente, ela não precisa se preocupar, pois seu mau comportamento teve frutos. Não que devamos seguir seu exemplo, mas é lindo ver como ele dedica todo o sucesso que atingiu justamente para ela e suas preocupações que, hoje, são motivos de riso.


7 | Ghostface Killah - All That I Got Is You

Things was deep, my whole youth was sharper than cleats
Two brothers with muscular dystrophy, it killed me
But I remember this, moms would lick her finger tips
To wipe the cold out my eye before school with her spit

Em uma das últimas faixas de "Ironman", seu álbum de estreia, Dennis Cole - a.k.a Ghostface Killah - detalha as dificuldades de sua infância e como a única coisa que mantinha ele e seus irmãos era sua mãe. Com uma maravilhosa participação de Mary J. Blidge e uma produção orquestral, sem o uso de batidas, a faixa é quase como um R&B excepcionalmente bem rimado, com uma dedicada e emocionante performance de Cole que deixa de lado sua imagem agressiva pela pessoa que mais importa em sua vida. O contraste de sua vida de antes com a de agora impressiona, mas mais ainda pela forma dolorida e agradecida com que ele rima.


6 | Drake e Sandi Graham - Look What You've Done

You get the operation you dreamed of
And I finally send you to Rome
I get to make good on my promise
It all worked out, girl, we shoulda known
Cause you deserve it

Talvez mais complicada que suas relações amorosas seja a relação de Drake com sua própria identidade musical. Em seu álbum mais R&B possível, e em uma faixa que praticamente não abusa de batidas, o rapper canadense entrega dois de seus melhores versos em um ritmo cadenciado, contemplativo, onde relembra e reconhece importantes elementos de sua incerta jornada para o sucesso. 

Seus amores de adolescência, seus ressentimentos com seu pai, a surpresa de conseguir seu primeiro contrato. Mas o que mais impressiona é a sensação de que a faixa inteira se passa em um sofá com ele e sua mãe lado a lado, conversando, discutindo, fazendo as pazes e com ele, por fim, tentando fazer a própria entender o que conseguiu fazer. Hoje, anos depois e com Drake sendo um dos artistas mais populares de sua geração, é bem possível que esta seja uma de suas músicas mais impactantes. 


5 | Outkast e Kolleen Maria Gipson - Ms. Jackson

I'm sorry, Ms. Jackson, I am for real
Never meant to make your daughter cry
I apologize a trillion times

"Ms. Jackson" é talvez a música mais curiosa nesta lista por ser escrita não para as mães de André 3000 ou Big Boi, mas sim para a mãe de Erykah Badu, mulher de André na época.

Não uma dedicação, e sim uma reconciliação, com o duo de Atlanta entregando rimas metafóricas que comparam a relação de ambos com uma tempestade, que cai a todo momento durante a produção, “Ms. Jackson” foi um de seus maiores hits e se tornou uma expressão amplamente conhecida na cultura popular.

O single soa menos como homenagem e mais como uma estranha e eficiente narrativa familiar, com diversas mães envolvidas e com um sincero pedido de desculpas. Afinal, o amor pode não ter sido para sempre - sempre, sempre… sempre? -, mas o respeito deve continuar. E o único motivo de não estar mais alta na lista é porque, diferentemente das outras, não é


4 | Emicida e Dona Jacira - Mãe

Desafia, vai dar mó treta
Quando disser que vi Deus
Ele era uma mulher preta

Genial em nos fazer enxergar todas as esferas da vida na favela sempre que pega um microfone, Emicida faz em “Mãe” um dos mais belos momentos de sua carreira.

Aqui ele nos faz enxergar não apenas a dedicação de sua mãe, mas as responsabilidades que, como mulher negra no Brasil, teve de assumir mesmo quando ainda criança, ao passo que relaciona a experiência dela com sua própria infância. As pessoas erradas com quem andava, as boas e más influências que regem a vida dele e muitos outros jovens como ele, tudo abrilhantado pelo seu uso de metáforas que tornam as rimas algo praticamente visual e como, independente do caminho que tenha traçado, tudo parece sempre voltar aonde começou.

A mulher que lhe deu a vida. Por isso, o verso ali destacado toma conotações ainda mais comoventes.


3 | Jay-Z e Gloria Carter - Smile

Mama had four kids, but she's a lesbian
Had to pretend so long that she's a thespian
Had to hide in the closet, so she medicate
Society shame and the pain was too much to take
Cried tears of joy when you fell in love
Don't matter to me if it's a him or her

Jay-Z mencionou sua mãe em diversas composições passadas, e várias poderiam ter entrado na lista - com destaque especial para “Anything”, lançada em 1999. Mas nenhuma foi tão incisiva e tocante como a madura declaração não apenas de amor, mas de cumplicidade que ambos cultivaram ao longo dos anos.

Enquanto suas letras funcionam como uma carta ao próprio Jay-Z de como coisas difíceis de seu passado o ajudaram se tornar o que se tornou, o momento que rouba a cena é a declaração de Jay-Z no primeiro verso, onde ele revela a homossexualidade de sua mãe de forma carinhosa e aceitadora. Ao final, Gloria Carter entrega um lindo monólogo, onde fala a todos que a vida é curta, que é tempo de sermos livres e de amar quem amamos, reforçando que sorrir pode ser, realmente, o melhor remédio.


2 | Kanye e Donda West - Hey Mama

I wanna tell the whole world about a friend of mine
This little light of mine and I'm finna let it shine
I'm finna take y'all back to them better times
I'm finna talk about my mama if y'all don't mind

Talvez nenhum rapper tenha uma relação tão aberta com sua mãe como Kanye West.

De acordo com o próprio, todas as suas faixas tinham que ser aprovadas por Donda para serem lançadas e o trágico falecimento dela, em uma cirurgia em 2007, o inspirou a simplesmente revolucionar o hip-hop ao transformar sua dor em combustível para o já clássico “808 and Heartbreak”, provando que há mais do que espaço para emoção e vulnerabilidade no gênero. 

Mas foi em "Hey Mama", de seu segundo álbum "Late Registration", que Kanye melhor nos apresentou sua linda relação com sua mãe. Uma ode, uma homenagem, um hino, talvez a música mais dedicada e sincera de toda a sua carreira, onde o centro da narrativa, pela primeira vez, não o envolve diretamente. A música é acolhedora, com um leve coral regado a "lalalas" e um refrão minimalista que resume a infinidade de referências feitas por ele durante seus versos e, no final, quando Kanye pede para todos cantarmos juntos, parece impossível não seguir. 

A única pessoa que Kanye West amou mais do que ele ama Kanye West é sua mãe, e isso quer dizer muito. 


Menções Honrosas: Projota, Véia; Kendrick Lamar, Fear; Rick Ross, Smile Mama Smile; Kanye West, Only One; Snoop Dogg, I Love My Momma; Jay-Z, Anything.


1 | Tupac e Afeni Shakur - Dear Mama

I reminisce on the stress I caused, it was hell
Huggin' on my mama from a jail cell

Considerado por muitos o melhor rapper de todos os tempos, Tupac fez um sucesso estrondoso por sua habilidade inigualável de fazer hits com camadas e camadas de conteúdo. "California Love", "Changes", "Keep Ya Head Up", todas suas principais faixas eram ao mesmo tempo altamente comerciáveis e profundamente complexas, trazendo conceitos e comentários sociais carregados. Mas nenhuma de suas músicas mostra mais do seu talento do que "Dear Mama". 

Desde seu conturbado relacionamento com seu pai, às dificuldades que ele e sua irmã enfrentavam em casa e na escola, à seus episódios na cadeia, onde em todos momentos era apenas a sua mãe quem o segurava. 

Apenas a terceira música de rap a ser incluída na biblioteca do congresso, "Dear Mama" provou que a thug life não impede você de mostrar seus sentimentos e a sensibilidade na performance de Tupac é essencial para sua relevância. A batida está presente, mas ela parece menos importante do que um belo riff de guitarra, que acompanha toda a sentimental atmosfera. É uma composição que valoriza os momentos ruins tanto quanto os bons e que mostra a figura de mãe com todas as suas facetas, que também podem ser boas ou ruins. 

É talvez a melhor música do rapper mais talentoso que já viveu, logo, "Dear Mama" deve sempre estar no topo de faixas dedicadas à mães, seja no hip-hop ou em qualquer gênero. 


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