Crítica | O Grito

“Aterrorizantemente Ruim”


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O Grito é um filme dirigido por Nicolas Pesce, sendo um reboot de sua franquia original. Nele, somos transportados para mais uma casa amaldiçoada, onde existe uma explicação insuficiente o bastante para darmos início a essa jornada “assustadora”, em que mais uma família foi brutalmente assassinada no local. Em sua investigação os Detetives Muldoon (Andrea Riseborough) e GoodMan (Demian Bichir), penetram cada vez mais fundo em um caso sobrenatural, dotados de incapacidade racional e armados até os dentes de insensatez.

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Algo que sempre me incomodou profundamente no terror moderno, é o que eu chamo de: “Síndrome da Burrice”, quando o(a) personagem tem sérios problemas racionais, são incapazes de pensar, duvidar ou mesmo tomar uma atitude com relação ao que acontece consigo mesmos. O filme está infestado dessa doença. Os personagens não mostram sinal algum de terem sido afetados pelas assombrações que se deparam frequentemente, parece um eterno loop de susto, que dura mais ou menos alguns minutos e eles retornam para sua vida cotidiana. Isso só se confirma com uma atuação digna de um Framboesa de Ouro, completamente robótica e super-saturada.

O diretor ainda precisa afirmar de todas as maneiras possíveis que o indivíduo está triste. Temos chuva, temos choro, temos música, tudo afirma e reafirma esse sentimento, faltava apenas uma placa repleta de néon para que o público entendesse perfeitamente.

Um prato cheio para essa atuação engessada são os diálogos mecânicos. É incrível como toda linha de texto do filme se afasta de qualquer verossimilhança possível, se encontrando absurdos como “Nossa menina, seu nariz está sangrando, tudo bem com você?” ou “Olá? Tem alguém aí?”. A única ferramenta que o filme possui para levar o nome de terror em seu gênero são os jumpscares, esses que dispensam comentários sobre seu efeito no público. Tão mal executados que aos 20 minutos do filme já podemos enxergar uma fórmula que permanece até o final. Temos o cessar da trilha, um close bem próximo ao rosto do personagem e boo jumpscare. É isso, e nada mais nada menos que isso, sendo possível adivinhar o filme inteiro após seus primeiros minutos. É uma comédia ver também que as assombrações são apenas uma boa maquiagem, ou quando vemos que o fantasma sabe editar um video da câmera de segurança para dar a impressão que quem a viu é “louco”.

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Não só os diálogos são absurdos como também a situação que os pobre coitados se encontram são inexplicáveis. Onde já se viu ir em um grande supermercado da região e só existir VOCÊ de cliente naquele horário? Ou durante as externas não passar ninguém pela rua? Será que o restante da população está se escondendo em um bunker embaixo de suas casas?

É um desleixo de roteiro, uma montagem absurdamente porca, em que as pessoas se tele-transportam para os lugares. Até você entender que o personagem outrora no carro, agora já se encontra em casa sentado assistindo a TV, já estamos em outro momento da história. O mais divertido de tudo no filme é notar a reciclagem de falas, e contar quantas vezes alguém repete um “Olá” ou “Sra Matheson” no longa. 

O grito é um filme exagerado, com uma atuação robótica e personagens completamente incompetentes, em que o título faz realmente sentido, quando o único grito que se dá é o de alívio ao subir dos créditos.

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