Crítica | Operação Red Sparrow
Com uma proposta de sedução e a promessa da nudez de Jennifer Lawrence, "Red Sparrow" não vai muito além de cenas de violência e sexo em sua trama.
Baseado no livro homônimo de Jason Matthews, "Red Sparrow" relata a história da jovem Dominika Egorova, uma bailarina russa que tem sua carreira destruída após um acidente. Com uma mãe doente e total dependência de seu antigo trabalho, Dominika recebe uma proposta: encontrar-se com um suposto inimigo do Estado em um hotel e seduzi-lo. Após essa primeira missão, a protagonista deve escolher entre morrer ou ser treinada para servir ao seu país utilizando o próprio corpo, tornando-se uma Sparrow.
O filme nos faz sentir empatia pela personagem a cada cena, desde a sequência inicial até os momentos finais. Há uma humanidade acolhedora na personagem, tornando fácil identificar-se com ela e com suas ações. Afinal, quem nunca foi prejudicado por alguém e quis devolver na mesma moeda?
Jennifer Lawrence entrega muito bem o papel de "menina injustiçada que sofre as consequências das ações de um governo tirano".
Por ser uma visão americana sobre o governo russo, o filme traz uma série de clichês culturais defasados na construção dos personagens, o que faz com que o espectador não se surpreenda quando a lealdade de Dominika é posta a prova. Os estereótipos também interferem na atuação de Joel Edgerton, que entrega o personagem Nathaniel Nash de forma simples e esquecível, não o diferenciando de nenhum outro bom moço do universo cinematográfico.
Em contrapartida, Matthias Schoenaerts, que interpreta Vanya Egorov, tio e mentor da protagonista, balanceia perfeitamente a dose de frieza e carinho em seu personagem,
No quesito técnico, as cenas de ação são bem coreografadas e o sotaque russo de Lawrence é crível. A fotografia nos leva a uma Rússia cinza, fria e distante, que condiz com a temática e a visão da obra. Para quem já tenha visitado Moscou, no entanto, pode ser frustrante a tentativa da produção de transformar Budapeste na capital russa.
A longa duração do filme (139 minutos) não se torna cansativa, já que a narrativa consegue entregar informações significativas ao espectador a cada cena, desenrolando-se quase como um jogo de xadrez. Cada personagem acaba se tornando uma peça de vital importância para o jogo, devendo ser protegida, destruída ou torturada, quando necessário. As cenas de tortura, inclusive, talvez sejam a parte mais interessante do longa, sendo agoniantes na medida certa.