Crítica | Game Of Thrones - S8 E4

O fim se aproxima e a roda - que Daenerys prometeu tanto quebrar - parece estar apenas completando mais uma volta.

Assim como o primeiro desta última temporada, este também é um episódio de paralelos. Porém vários paralelos desse bebem muito mais da mitologia pré-enredo da série (coisas que apenas ouvimos falar) do que de eventos que vimos acontecer de fato.

Comidas, bebidas e guerreiros cansados se reúnem em Winterfell, espelhando o banquete do piloto. As mesas transbordam de gente e cada um carrega suas próprias dúvidas, suas próprias felicidades e seus próprios demônios. A cena lembra traz um “quê” de série adolescente, onde a única preocupação é quem vai transar com quem no final. Um justo descanso, após queimarem montanhas de figurantes e também alguns corpos de personagens queridos perdidos na Batalha de Winterfell.

O clima de festa e descontração deve ter se alastrado até mesmo ao set: logo aos 16 minutos é possível ver um copo do Starbucks perdido no meio do cenário medieval. Falha absurda e horrenda para a série mais cara e mais assistida do mundo.

O clima de festa e descontração deve ter se alastrado até mesmo ao set: logo aos 16 minutos é possível ver um copo do Starbucks perdido no meio do cenário medieval. Falha absurda e horrenda para a série mais cara e mais assistida do mundo.

Logo após a festinha, temos o esperado fruto de uma das relações mais queridas da série: Jaime e Brienne. A cena, mesmo sendo muito requisitada pelos fãs, fez bastante sentido e, sim, foi fofa. Seu desfecho, com Jaime indo para Porto Real por causa de Cersei, não foi tão fofo. Dependendo da motivação que existe de fato na cabeça dele, tudo pode fazer sentido. O esperado, para que a série seja coerente com sua própria mitologia disruptiva, é que ele vá até lá para matar Cersei. Mas veremos… Além disso, o fora que Gendry levou também fez muito sentido: Arya permanece fiel a suas origens - ela nunca quis ser uma Lady. E também por isso a melhor dupla de Westeros se reúne para uma última jornada: ela e o Cão tem tarefas a cumprir em Porto Real. O Cleganebowl VEM!

Vimos, possivelmente pela última vez, Sam, Gilly, Fantasma e Tormund, todos em uma grande despedida novelão das nove, com direito a bebê na barriga. Todos eles se despedem de Jon (o dono desse núcleo), que nem se prestou a dar um último carinho em seu lobo antes de abandoná-lo. O recém-descoberto Targaryen dá, simbolicamente, um adeus a suas vidas passadas: a vida como um Stark (representada pelo Fantasma), a vida como um patrulheiro (representada pelo Sam) e a vida como um Selvagem (representada por Tormund). Aparentemente ele tem coisas mais importantes a fazer, uma Rainha a seguir e uma nova vida pela frente.

A devoção apaixonada de Jon por Daenerys só se prova cada vez mais concreta e perigosa visto que Rainha dos Dragões não está nem um pouco feliz com a ideia de outro Targaryen - ainda por cima, homem - rondando Westeros e ganhando tanta popularidade. Apesar disso, Jon conta seu verdadeiro nome para Sansa e Arya e aí a fofoca rola solta, até chegar no mestre de todas as informações: Varys.

“Quantos outros sabem?”
“Incluindo nós? Oito.”
“Então não é mais um segredo. É informação.”

Esse medo de uma potencial concorrência apressa Daenerys a levar seus exércitos - mesmo cansados - para Porto Real na velocidade da luz. E, como todos sabemos, a pressa é inimiga da perfeição. Rhaegal já estava ferido, inclusive com buracos enormes na asa, em um paralelo aos próprios exércitos de Daenerys que sofreram grandes perdas após o ataque de Euron. Agora Jon Snow, mesmo Targaryen, não tem mais dragão para montar.

20190502093917-7211.jpg

Varys e Tyrion conversando e “decidindo” o que acontece ao redor deles traz muito a essência do que Game of Thrones sempre foi. E é muito bom ver Sansa entrando de vez no time dos manipuladores, como jogadora, como uma força militar e como uma ameaça. Ela vem se mostrando, já há bastante tempo, como a personagem mais coerente e sã da série. Sansa reconhece seu valor e seu poder e seus tempos de esconder suas lágrimas enquanto se curvava a diferentes soberanos só para manter sua cabeça no pescoço já eram - agora ela encara a Rainha dos Dragões nos olhos e diz: “Não”.

O embate final entre Daenerys, com sua meia-dúzia de Imaculados pingados e um dragão, e Cersei, com seus vastos exércitos e bestas foi bem construída. O que não significa que a morte de Missandei tenha qualquer justificação. Descartar uma personagem com tanto potencial, que nem sequer tinha um desenvolvimento prévio decente, para usá-la somente como faísca para a raiva de Daenerys é, no mínimo, preguiçoso. Acrescente a isso o fato de que ela, sozinha, compõe 50% do elenco negro da série e você entende porque usá-la dessa maneira não é revoltante apenas para a Rainha.

Após a negociação falha de Tyrion (um show de atuação entre Lena Headey e Peter Dinklage), o que podemos esperar é fogo e sangue. Arya e o Cão, Jon e Davos, todos seguem para o Sul. Daenerys se prepara para cumprir o papel de “Mad Queen”, um temido destino para qualquer Targaryen (já que, como diz a mitologia, dividem loucura e grandeza como como dois lados da mesma moeda) e Jaime, o Regicida também desce para Porto Real. Esperamos que, de um jeito ou de outro, ele também cumpra seu papel. Ou também, que ninguém cumpra seus papéis, pois é Game of Thrones e, a qualquer hora, qualquer fantasia pode ser subvertida.

Anterior
Anterior

Vingadores: Ultimato – Filme vira a 2ª maior bilheteria da história

Próximo
Próximo

Irmãos Russo explicam 5 mistérios deixados em Vingadores: Ultimato