Crítica | Game Of Thrones - S8 E5

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Teve Fogo e Sangue. Teve Cleganebowl. Teve a morte de Cersei. Mas, mais do que tudo, teve a prova de que Game Of Thrones é um resquício do que um dia foi.

Não me entenda mal. Em questões técnicas e de entretenimento continua envolvente, mas isso é algo básico para a maior e mais cara série de televisão da história. Percebemos que a coisa realmente começa a desmoronar quando o ditado ‘‘falem bem ou falem mal, mas falem de mim’’ se encaixa perfeitamente no contexto atual da série e o que ela representa, hoje, para todo seus fãs.

Não há mais cabimento passar o pano, episódio pós episódio, acreditando que o próximo domingo será melhor ou que irá chegar no ápice emocional e provocativo que tanto queremos. Em 5 episódios Game Of Thrones conseguiu desconstruir todos seus grandes personagens e seus arcos pacientemente desenvolvidos por 7 anos.

Desde que a história se tornou independente de R.R. Martin a desestruturação da possível salvadora, vista em Daenerys, começou. Não foi da noite pro dia que ela simplesmente se tornou igual ao seu pai. Indícios cada vez mais constantes de que Dany tendia a loucura nos eram salientados semanalmente, um dia matando tiranos e escravizadores, no outro pessoas sendo julgadas que não pudessem se ajoelhar por velhice provavelmente seriam mortas. A questão toda aqui é que isso foi feito de maneira extremamente desleixada. Sabe-se que ela sempre foi radical, afinal, ela é uma Targaryen, mas mesmo que provavelmente o caminho a ser seguido pelo criador da história seja o mesmo, os detalhes destrutivos que corroeriam a Mãe dos Dragões com certeza seriam mais ricos e minuciosos.

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Há 3 anos provavelmente se você perguntasse o personagem favorito para o público da série a resposta seria Tyrion, afinal ele se provou uma mente brilhante e política, trazendo consigo as palavras mais sábias e as atitudes mais astuciosamente implacáveis dos 7 reinos, ao mesmo tempo em que transbordava um sarcasmo mais sedutor que seus pensamentos. Hoje, o Lannister nada mais é que alguém movido por convicções sem embasamento e emoções impulsivas. Completamente o oposto de um dos personagens mais complexos e fascinantes da história da televisão.

Enfim, sobre o episódio. Dessa vez voando a uma altura alta o suficiente para não ser acertada até de fato atacar a Frota de Ferro, tudo que levou para Drogon destruí-la por completo foi algo entre 2 e 3 minutos. Então sim, foram basicamente 8 anos de angústia, momentos inesquecíveis, diálogos memoráveis para culminar em uma ‘‘batalha’’ de 5 minutos.

Presenciamos o poder total de um dos dragões e simplesmente foi aterrorizante. Aliás, horror é uma das poucas coisas que se destaca positivamente em ‘‘The Bells’’. A agonia, o nervosismo e a claustrofobia são imensas a partir da expressão conflitante no rosto de Dany depois de ouvir os sinos, que representavam a desistência do povo de King’s Landing. Esse é um episódio sobre Daenerys Targaryen mesmo que ela não apareça muito em tela. Tudo que acontece no episódio 5 é consequência direta de algum ato seu e todas as mortes inocentes aqui são brutais e espantosas.

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A luta entre os Cleganes foi outro ótimo momento. Visualmente estonteante e bem coreografada, precisamente apenas Sandor e sua ironia em relação a própria vida podiam derrotar o quase imortal Gregor, implicando nisso, dar sua própria vida em troca. Mesmo quase explodindo a cabeça do Hound, cena que inevitavelmente evocou a morte de Oberyn, a morte de ambos foi algo recompensador, embora seja inevitável imaginar o quão épico seria se Arya, contradizendo sua afirmação de que o deixaria novamente pra morrer, aparecesse e o salvasse, até porque o Montanha estava na sua lista.

Mas fora esses dois pontos, simplesmente todas sub-tramas pareceram algo forçado.

A mesma Arya Stark que, depois de tanto se especular o quão importante ela seria nesse episódio, acabou servindo mais como um mecanismo para mostrar o pânico instalado nas pessoas. Tyrion e Jon também serviram como ferramentas para intensificar a incredibilidade do público com o que estava acontecendo diante de seus próprios olhos. De fato, ambos artifícios são muito funcionais ao que se propõem, mas é problemático limitar 3 dos personagens mais importantes da série no penúltimo episódio.

“Você não é nenhum rei’’
“Mas eu sou. E eu estou fodendo a rainha’’

Sinceramente uma luta não poderia começar com um diálogo pior e mais francamente ainda, a batalha entre Jamie e Euron não merece nem ser comentada. Dois personagens acidentalmente no mesmo lugar, na mesma hora chega, a ser insolente da parte dos roteiristas com os fãs e Jamie simplesmente ignorando toda sua evolução como pessoa para voltar e morrer soterrado com Cersei em seus braços é outro sinal de desrespeito. Jamie, de regicida e atirador de crianças pela janela se tornou um dos personagens mais queridos da série por provar sua melhora particular que fora jogada fora no momento em que deixou Brienne. Se justificaria se ele matasse sua irmã. Não aconteceu.

Por fim, a tão esperada morte do personagem mais impetuoso e porque não odiável de todos os tempos. Inegavelmente a morte poética de Cersei me deixou feliz. O fato de ela morrer soterrada ali como todos os outros cidadãos, como uma pessoa qualquer, aquilo que ela lutou inegavelmente para não ser durante toda sua vida fez sentido, mas deve-se entender o outro lado da moeda. Cersei fez coisas terríveis durante toda sua vida e merecia nada menos que uma morte equivalente à seus atos.

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E assim, no penúltimo episódio de Game Of Thrones, onde houve o desfecho de diversos personagens, foi o contraditório que predominou. O engraçado é ver em algumas entrevistas do elenco a expressão de insatisfação com o rumo tomado em direção ao desfecho da série, afinal, eles botaram tudo de si em suas interpretações para simplesmente transfigurarem aqueles que eles aprenderam a ser durante 7 anos em quem eles nem conhecem mais em 5 episódios. Nem nós. Não há quem ganhe nessa história.

Fica claro que os roteiristas não conseguem engajar emocionalmente os fãs, mas falar isso atualmente é chover no molhado e nem é o motivo para não esperar muita coisa do último episódio da história da série. Simplesmente não ligamos mais tanto para os personagens que costumávamos amar. Se um dia alguém dissesse pra mim que indiferença seria algo que eu sentiria em relação a uma Season Finale de GOT eu provavelmente cuspiria fogo nela, mas parece que fui queimado em minhas próprias expectativas.

Então, eu suplico. Não tentem chocar. Não tentem fazer algo revolucionário, porque simplesmente seria uma agulha num palheiro. Apenas façam o que deve ser feito.

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